top of page
Prof. Domenico De Masi:
"O modelo brasileiro na sociedade pós-industrial"
Brasília, Embaixada da Itália
26 de maio
Rio de Janeiro, Espaço Tom Jobim
30 de maio
Imaginamos renascer podendo escolher onde e quando. Escolheremos o Oriente ou o Ocidente? Um país frio ou quente? Capitalista ou comunista? Monoteísta ou Politeista? Gsotaríamos de viver na Atenas de Péricles, na Meca de Maomé ou na Paris de Napoleão? E, querendo optar por um país atual, apontaremos para China ou para os Estados Unidos, para a Américal do Sul ou o Norte da Europa?
Andando pelo planeta encontra-se pouquíssimas pessoas satisfeitas pelo lugar e tempo em que se vive. Conseguimos prolongar nossa existência, multiplicamos por dez a população do mundo, fizemos descobertas científicas e construímos obras surpreendentes, fomos capazes de conceber grandes obras-primas artísticas, explora com igual precisão átomos e planetas. Mas não há progresso sem felicidade e o mundo não é feliz porque oscila entre desorientação e medo, perguntando-se porque como nunca eclodiram tantas guerras, gerando tanta dor, com tantas minorias perseguidas, criando tanta pobreza, explorando tantas crianças, torturando tantos prisioneiros, entregando poder à tantos incapazes, destruindo boa parte do ecossistema.
Diante deste paradoxo é preciso reconhecer que está em crise não somente nossa realidade, mas também nosso modo de interpretá-la. Depressivos e desorientados paramos de projetar nosso futuro, limitando-nos a atendê-lo e projetando a negatividade também sobre as gerações futuras.
Provavelmente o impasse no qual nos encontramos deriva do fato de que a atual sociedade pós-industrial não nasceu baseada em um modelo pré-existente, já realizado e compartilhado. Foi diferente para muitas sociedades precedentes. Aquela medieval, por exemplo, nasceu do modelo cristão que inspirava à cidade do homem na cidade de Deus. No século XVIII, em pleno absolutismo monárquico e em plena inquisição religiosa, poucas dezenas de intelectuais iluministas ousaram elaborar e propor um modelo de sociedade “burguesa” baseado na razão, liberdade, secularismo e igualdade, enfrentado as perseguições, na cadeia e, em muitos casos, inclusive a morte. As sociais-democracias nasceram a partir de modelos antecipados pelos socialistas como Owen e Bernstei. A sociedade soviética surgiu a partir do modelo precedente concebido por Marx e Engels. No último século muitos países imitaram o modelo norte-americano mas agora este modelo está em crise, paga-se o preço pela falta de um novo modelo de vida, capaz de indicar meta e percurso para um progresso que hoje, privo de regras e de saídas, resulta insensato. Mas quem deve elaborar este novo modelo? Por onde começar?
Um modelo de sociedade não nasce por acaso e de improviso: nasce sobre os vestígios de todos os modelos precedentes e requer um sério esforço de análise, fantasia e de concretude, isto é de uma criatividade coletiva. Antes de tudo, portanto, é preciso percorrer novamente pacientemente os modelos já experimentados no decorrer da história humana, descartar a parte obsoleta e destilar o conteúdo ainda fecundo. O livro O futuro chegou examina quinze modelos: o chinês, o indiano, o japonês, o judeu, o clássico, o católico, o muçulmano, o protestante, o iluminista, o liberal, o industrial, o socialista, o comunista, o pós-industrial, o brasileiro. A partir dessas análises comparativas podemos tirar sugestões necessárias para elaborar o novo modelo de vida indispensável para liberar-nos da crise que nos habita e orientar nosso itinerário em um futuro que poderá ser feliz.
Talvez pela primeira vez na história da sociologia, o modelo de vida do Brasil é inserido em par de igualdade na guirlanda dos maiores modelos do passado (como aquele clássico ou aquele renascentista) e do presente (como o chinês, norte-americano e europeu). Hoje o Brasil encontra-se em uma situação única em confronto com seu passado e seu futuro: depois de ter copiado por 450 anos a Europa e por 50 anos os Estados Unidos, agora que ambos modelos-mitos estão em uma crise profunda, é pela primeira vez só com si mesmo e com seu futuro. Trata-se de uma situação inquietante mas que pode produzir o modelo de vida necessário para toda a sociedade pós-industrial.
Recursos que, reunidos, tornam o Brasil diferente dos outros países do mundo. Infelizmente o contágio consumista dos Estados Unidos já contaminaram muitos aspectos da vida urbana brasileira. A isso vai acrescentada a tentação de ceder aos pedidos não atendidos do mercado externo que cada vez mais solicita aspectos deteriorantes da brasilidade: o excesso cromático e sonoro, a sensualidade desregulada, o exotismo provincial, a dissipação do patrimônio natural, ao qual pode-se acrescentar a auto-estima, culto pelo que é de fora, fraca percepção e sentimento pelo que é público, uso da astúcia como ato de inteligência, pouca confiança.
Porém, apesar das digitais colonizadoras da Europa e dos Estados Unidos, o Brasil permanece Brasil e seus aspectos originais e melhores da brasilidade continuam a prevalecer sobre aquele importados e deteriorantes.
À harmonia do físico, da sensualidade e da saúde, somam-se dotes psicológicos como a socialização, a cordialidade, o sentido de hospitalidade, a generosidade, o bom-humor, a alegria, o otimismo, a espontaneidade, a criatividade. A religião e a fé, como a vida, são ligadas à conceitos de tolerância e curiosidade. A paciência, a capacidade de mover-se entre diferentes códigos de comportamento e reinterpretar as regras, as normas, as linguagens, são atitudes frequentes no Brasil como também a tendência em considerar fluídos os confins entre o sagrado e o profano, entre o formal e informal, entre o público e o privado, entre a emoção e a regra.
A sociedade brasileira é unificada pela “língua geral”, do sincretismo cultural, das grandes festas civis e religiosas incorporadas no modo de viver popular, da música, do papel da mulher na vida social, da sensualidade sem culpa (“Não existe pecado do lado de baixo do Equador, canta Chico”). A nível mais intelectual é unificada pela forte capacidade de reciclagem cultural trâmite uma permanente atividade de assimilação, adaptação, releitura, antropofagia.
O Brasil é aberto ao novo e as mudanças, também nos momentos piores, e enfrenta a realidade com sentimento positivo. Com relação ao passado os brasileiros apresentam dois elementos novos: é mais difundida neles a consciência dos grandes desafios internos (corrupção, violência, desigualdade, déficit educacional) e atualmente se sentem como um país de ponta, diferente e positivo, capaz de propor também ao exterior o próprio modo de ser.
A todos estes aspectos positivos já presentes no modelo de vida brasileiro, atualmente já somado à crescente consciência dos grandes desafios que o país deve enfrentar e vencer: a corrupção, a violência, as desigualdade sociais e o déficit educacional.
Brasília
Data: segunda-feira, 26 de maio de 2014
Horário: 18:00
Local: Embaixada da Itália - S.E.S. Av. das Nações Quadra 807, Lote30
Organizado por: Embaixada da Itália
Inscrições gratuitas e obrigatórias pelo e-mail eventos.brasilia@esteri.it
Rio de Janeiro
Data: sexta-feira, 30 de maio de 2014
Horários: 18:00
Local: Espaço Tom Jobim - Rua Jardim Botanico, 1008 - Jardim Botanico
Organizado por: MIM - Mind In Movement
Em colaboração com: Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro
Bilheteria: (21) 3256.5088 / (21) 7839.2352. Site: http://bit.ly/MIMDomenico
2010 - present
2010 - present

bottom of page